Os óleos são conhecidos por obstruir os poros e piorar a pele com acne. Por esse motivo, muitas vezes as pessoas que têm pele oleosa ou com tendência a acne tendem a rejeitá-los antes de experimentá-los. No entanto, a comedogenicidade (capacidade de obstruir os poros) não é típica de todos os óleos e, porém, existem ingredientes comedogênicos que não são óleos. Por exemplo, o óleo de jojoba não é nada comedogênico1, e as substâncias cosméticas comuns que não são óleos, como o palmitato de isopropila e a manteiga de cacau, são2.
Primeiro, vamos esclarecer o termo comedogênico
As células da camada mais externa da pele são células mortas que se descamam continuamente, gerando uma renovação celular contínua. Este processo ocorre naturalmente e ajuda a manter a barreira cutânea saudável. Porém, se essa renovação celular não se tornar fluida, as células mortas podem permanecer no interior dos poros, obstruindo-os e formando um tampão junto coma oleosidade produzida pelas glândulas sebáceas. Ingredientes comedogênicos são aqueles que, por suas características - tamanho, composição -, também entram nos poros e contribuem para esta obstrução3. Vale esclarecer que poros entupidos são uma das bases para a formação da acne4 (mais informações no post: Tudo o que você precisa saber sobre acne), portanto produtos comedogênicos não são recomendados para este tipo de pele.Como saber se um produto é comedogênico ou não?
Existem extensas listas de ingredientes cosméticos onde são classificados de acordo com o grau de comedogenicidade que apresentam. Para isso, são utilizados os números de 0 a 5, sendo zero o menor nível de comedogenicidade e cinco o maior5. Essas listas são úteis, servem para nos orientar e evitar o uso de ingredientes comedogênicos em produtos cosméticos. Em qualquer caso, as listas baseiam-se nos resultados de estudos científicos e as condições em que são realizadas podem variar no que diz respeito à utilização destes ingredientes na cosmética.
Existem alguns ingredientes que têm maior probabilidade de ser comedogênicos do que outros. É por isso que compartilhamos com você uma lista na qual a comedogenicidade de vários deles é avaliada5:
Comedogenicidade baixa Classificação 0-1 |
Comedogenicidade moderada Classificação 2-3 |
Comedogenicidade alta Classificação 4-5 |
Óleos | Óleos | Óleos |
Óleo Mineral (0) | Óleo de Amêndoa* (2) | Óleo de Coco (4) |
Óleo de Jojoba (0) | Óleo de Abacate* (2) | Óleo de Linhaça (4) |
Óleo de Girasol (0) | Óleo de Amendoim (2) | Óleo de Palma (4) |
Óleo de Lanolina (0) | Óleo de Soja (3) | Outros ingredientes |
Óleo de Argán (0) | Óleo de Milho (3) | Acetylated lanolin alcohol (4) |
Escualano (1) | Óleo de Prímula (3) | Cetyl acetate (4) |
Óleo de Rícino (1) | Óleo Vegetal Hidrogenado (3) | Cetearyl alcohol + Ceteareth 20 (4) |
Azeite de Oliva* (1) | Laureth-4 (5) | |
Óleo de Avelã* (1) | Cocoa butter (4) | |
Óleo de Sésamo* (1) | Myristyl lactate (4) | |
Óleo de Damasco* (1) | Myristyl myristate (5) | |
Silicones | Isocetyl alcohol (4) | |
Cyclomethicone (0) | Isopropyl isostearate (5) | |
Simethicone (1) | Isopropyl linolate (4) | |
Dimethicone (1) | Isopropyl myristate (5) | |
Isopropyl palmitate (4) | ||
PEG 16 lanolin (4) | ||
Steareth-10 (4) |
O "*" presente na lista significa que o nível de comedogenicidade corresponde aos óleos refinados (eles foram processados para remover impurezas indesejadas), enquanto se o óleo não for refinado a comedogenicidade será maior5. O que significa isto? Ao formular produtos cosméticos, escolher ingredientes não comedogênicos é tão importante quanto ser de alta qualidade.
Além disso, alguns desses ingredientes são comedogênicos em altas concentrações, mas em baixas quantidades não o são6.
Por esses motivos, podemos dizer que embora seja útil utilizar listas para nos orientar sobre a comedogenicidade, o mais importante será como o produto é formulado, as concentrações utilizadas e sua qualidade7.
Como a comedogenicidade pode ser avaliada?
O modelo experimental mais utilizado é na orelha de coelho. O ingrediente a ser analisado é aplicado em uma das orelhas todos os dias, durante duas semanas, e é avaliado se aquela substância era comedogênica ou não. Uma das limitações desse método é que a pele da orelha de coelho é muito sensível, ou seja, reage mais facilmente do que a pele humana. Isso pode levar a resultados diferentes em animais quando o produto é usado em humanos5.
Além disso, um ponto a ter em mente é que esse modelo não é Cruelty Free. Você pode ler mais informações sobre esse assunto no post: "Não testamos em animais".
Outra forma de testar a comedogenicidade é em pessoas: os ingredientes são testados nas costas por quatro semanas6. No entanto, é provável que a pele dessa zona responda de maneira diferente à pele facial5, e o grau de comedogenicidade não é totalmente refletido neste teste.
Vale a pena esclarecer que, tanto em testes em animais quanto em humanos, costuma-se usar concentrações muito superiores às utilizadas posteriormente em cosméticos7.
O teste mais representativo para testar se um produto será ou não comedogênico é a realização de um teste de uso, no qual quem usa o produto é monitorado para ver se apresenta poros obstruídos ou acne6.
Todos os óleos são iguais?
Ao falar em óleos, é importante esclarecer que óleo vegetal não é o mesmo que óleo essencial. Óleos vegetais são aqueles que são utilizados em produtos cosméticos por seu alto poder umectante, emoliente e reparador, e para os quais sua comedogenicidade pode ser avaliada. Em vez disso, os óleos essenciais são aqueles normalmente usados como fragrâncias naturais: lavanda, tangerina, limão, laranja, linalol, hortelã-pimenta, eucalipto, cravo (Eugenol), canela e mamão.
Na TCL, decidimos evitar o uso de óleos essenciais e qualquer fragrância, não porque sejam comedogênicos, mas porque podem irritar a pele. Descubra por que é importante evitar produtos irritantes em nosso post: 3 Ingredientes para evitar em seus cosméticos.
Esperamos que esse post tenha sido útil para você! Estamos à disposição para qualquer esclarecimento. :)
The Chemist Look Team
- Mark Lees. Clearing Concepts: A Guide to Acne Treatment. Milady; 1 edition (April 9, 2013).
- Nguyen SH, Dang TP, Maibach HI. Comedogenicity in rabbit: some cosmetic ingredients/vehicles. Cutan Ocul Toxicol. 2007;26(4):287-92.
- Mark Lees. Skin Care: Beyond the Basics. Thomson Delmar Learning, Division of Thomson Learning; 4th ed. edition (6 Jun. 2011).
- Dréno, B. What is new in the pathophysiology of acne, an overview. J. Eur. Acad. Dermatology Venereol. 31, 8–12 (2017).
- Fulton, J. E. (1989). Comedogenicity and irritancy of commonly used ingredients in skin care products. Journal of the Society of Cosmetic Chemist, 40, 321–333.
- Draelos, Z. D., & DiNardo, J. C. (2006). A re-evaluation of the comedogenicity concept. Journal of the American Academy of Dermatology, 54(3), 507–512.
- American Academy of Dermatology Invitational Symposium on Comedogenicity. (1988). 272–277.