cosmeticos naturais vs sinteticos

Cosméticos naturais Vs. sintéticos: o que há por trás de seus produtos?

A cosmética natural é uma tendência e não nos surpreende: a natureza é uma fonte inesgotável de coisas extraordinárias.

Na TCL exploramos o que está por trás da afirmação “natural” e procuramos responder às seguintes perguntas neste post:

  • O que significa um cosmético ser “natural”?
  • Os ingredientes só podem ser considerados “naturais” ou “sintéticos”? Ou existem outros tipos de ingredientes?
  • Ingredientes naturais: eles são mais sustentáveis? São mais bem tolerados pela pele?
  • Cosméticos naturais: são menos poluentes?

Então bora começar com isso!

O que significa um cosmético ser “natural”?

Quando lemos "natural" na embalagem de um produto a tendência é pensarmos que aquele produto é 100 % natural. No entanto, isso não é necessariamente o caso: algumas marcas usam essa afirmação "Natural" em seus produtos que foram formulados com uma minoria de ingredientes naturais. Por que isso acontece? Como o termo “natural” não é regulamentado1,2, ou seja, as autoridades de saúde (por exemplo, Anvisa) não exigem que as marcas de um produto que se diz “natural” atenda a requisitos específicos: as marcas podem usar critérios diferentes para considerar seus produtos como naturais. Por outro lado, não há uniformidade de critérios para definir quando um ingrediente é natural ou não.

Como resultado disso, e tentando esclarecer o assunto, a International Organization for Standardization (ISO, na sigla em inglês: International Organization for Standardization) desenvolveu a Norma ISO 16128 que busca estabelecer um critério internacional unificado para definir quando um ingrediente pode ser considerado "natural". No entanto, as marcas não têm necessariamente de aderir a esta regra, uma vez que não é obrigatória (é simplesmente indicativa).

De acordo com esta ISO:

“Ingredientes naturais são aqueles que são obtidos exclusivamente de:

  • Plantas, incluindo fungos e algas.
  • Animais.
  • Microorganismos.
  • Minerais.
  •  

    Ingredientes obtidos de combustíveis fósseis como petróleo, gás natural ou carvão não são considerados naturais.”

    No entanto, os ingredientes derivados dessas origens são usados ​​como foram obtidos? Ou são transformados para serem incluídos em um produto cosmético? E se eles foram modificados, eles ainda são “naturais”? Para responder a essas perguntas, considere a seguinte analogia:

    Para fazer uma salada de frutas, precisamos de suco de laranja como ingrediente. Esse suco pode ser espremido diretamente das laranjas; ou pode ser um suco de laranja comercial de caixinha que foi feito a partir de espremer as laranjas e ainda incorporou outros aditivos (sabores, adoçantes, etc.). Este suco comercial ainda é considerado “natural”? Ou foram feitas tantas modificações em seu processo de produção que o fizeram perder sua condição "natural" e se tornar um tanto "artificial"?

    Muitos dos ingredientes de origem natural devem ser modificados para finalmente serem incluídos em uma fórmula cosmética, ou seja, não são usados ​​como estão na natureza. Então, como sabemos se esses ingredientes ainda podem ser considerados “naturais”? A respeito disso, a ISO 16128 especifica o seguinte:

    "Um ingrediente é considerado um "Ingrediente de origem natural" quando mais de 50 % de seu peso é natural."

    O que isto significa? Voltando à analogia: se mais da metade do peso do suco comercial for a laranja pura espremida, ele pode ser considerado um "ingrediente de origem natural"; mas se mais da metade do peso do suco comercial for composto por aromatizantes, adoçantes, etc., ele não pode mais ser considerado "natural". Esta relação de pesos ou índice é o que a ISO 16128 define como "Natural Index" e é uma forma de padronizar até quando podemos continuar a considerar um ingrediente (que é de origem natural, mas que foi modificado) como natural3.

    Agora, se o termo natural não é regulamentado e a ISO 16128 não é obrigatória, quando um produto afirma ser “natural”, como sabemos o que significa? Para isso, existem certificações.
    Uma certificação é um procedimento destinado a um organismo independente e autorizado para validar ou determinar se um produto atende a determinados padrões4. Existem várias organizações que certificam que um cosmético é natural usando diferentes critérios (alguns consideram uma coisa "natural" e outros outra). Se como consumidor você é uma pessoa que procura cosméticos naturais, recomendamos que você procure aqueles produtos que são certificados para entender o que isso significa.

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    Os ingredientes só podem ser considerados “naturais” ou “sintéticos”? Ou existem outros tipos de ingredientes?

    Já definimos o que são considerados “ingredientes naturais” de acordo com as recomendações do ISO e sabemos que existem ingredientes sintéticos. Mas o que são eles? Existem ingredientes que não são nem uma coisa nem outra?

    Os ingredientes sintéticos são obtidos por meio de procedimentos industriais, por meio da reação química de uma ou mais substâncias que darão origem a um novo composto5. Um exemplo de ingrediente sintético que usamos na TCL é o Acetil Hexapeptídeo-1 do Booster MUNAP-18.

    Existem outros tipos de ingredientes, os biossintéticos, que são criados por meio da biotecnologia a partir de sistemas biológicos como os microorganismos1. Um exemplo de ingrediente biossintético que usamos na TCL é o Pós-biótico que regula a oleosidade da pele presente no Tônico Esfoliante SA.

    Ingredientes naturais: são mais sustentáveis? São mais bem tolerados pela pele?

    "Natural" não é sinônimo de "sustentável"!

    Apenas por conhecer a origem de um ingrediente, não podemos saber quão sustentável foi seu processo de abastecimento. Os ingredientes naturais não são necessariamente mais sustentáveis ​​do que os sintéticos ou biossintéticos. Por exemplo, a extração de compostos naturais de plantas pode ser prejudicial ao meio ambiente porque pode envolver um alto consumo de energia, água ou solventes6, ou pode ser devastador para a vida selvagem (como é o caso do óleo de palma, cuja obtenção muitas vezes implica desmatamento e perda de biodiversidade)7.

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    A origem de um ingrediente não nos diz nada sobre sua biocompatibilidade ou segurança com a pele

    Independentemente da origem dos ingredientes, é importante que eles sejam biocompatíveis com a pele, ou seja, que não sejam percebidos como um “corpo” estranho entrando na sua pele e, portanto, não causem irritação, alergia ou reações adversas.

    Ingredientes naturais não são necessariamente mais bem tolerados pela pele do que outros tipos de ingredientes. Alguns exemplos que demonstram isso são:

    • Natural e biocompatível: Esqualano derivado do azeite.
    • Sintéticos e biocompatíveis: Álcoois graxos, como o álcool cetearílico.
    • Naturais e não biocompatíveis: Óleos essenciais com potencial alergênico, como a lavanda ou o eucalipto1,8.
    • Sintéticos e não biocompatíveis: Algumas fragrâncias sintéticas que irritam a pele, como citral, linalol, geraniol, limoneno, eugenol, entre outras1,8.
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    “Cosméticos naturais contaminam menos”: MITO

    Repetidamente nos deparamos com a crença de que os cosméticos naturais são menos poluentes que os sintéticos e, portanto, não precisam de conservantes. No entanto, não é assim. Todos os cosméticos que possuem água em sua composição são suscetíveis à contaminação, seja ela natural ou não. Por isso, devem incluir um conservante em sua formulação (ingrediente que previne o crescimento microbiano em um produto)9. Se o cosmético for natural, o conservante que incorpora deve ser natural (por exemplo, ácido salicílico e ácido benzóico10,11,12).

    Nossa Postura

    Na TCL não entramos em valor da discussão do “Natural vs. Sintético” porque, como mencionamos anteriormente:

    • A origem de um ingrediente não nos diz nada sobre sua biocompatibilidade ou a sua segurança para a pele.
    • “Natural” não é sinônimo de “sustentável”.
    • Essa lacuna deixa de fora ingredientes gerados por meio da biotecnologia (por exemplo, ingredientes biossintéticos).

    Não basta saber a origem de um ingrediente para decidir se o incorporamos ou não aos nossos produtos. Nossas fórmulas são criadas seguindo o valor da formulação consciente, sobre a qual você pode ler mais informações aqui.

    De qualquer forma, se você acha que os cosméticos naturais são a sua praia, recomendamos que você escolha os cosméticos naturais que:

    • Sejam aprovados pela autoridade sanitária do seu país (estes com certeza foram provados ser seguros e estáveis, e terão sido preparados por um laboratório qualificado, com profissionais competentes e padrões de qualidade adequados).
    • Tenham no rótulo todas as informações necessárias (lista de ingredientes, instruções de uso, precauções e advertências, número do lote, data de validade, dados legais da empresa fabricante).
    • Sejam certificados (assim você poderá entender o que significa/implica que o cosmético é “natural”).

    Não somos nem a favor nem contra cosméticos naturais e, de fato, quando nos perguntam se somos uma marca natural ou sintética, dizemos: nem uma coisa nem outra, e as duas ao mesmo tempo! Nós não nos classificamos e usamos o melhor de todos os mundos possíveis.

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    Esperamos que este post tenha sido útil para você. Qualquer dúvida estamos sempre disponíveis para te atender!

    The Chemist Look

     

    1. Goyal, Nishu, and Frankline Jerold. “Biocosmetics: Technological Advances and Future Outlook.” Environmental Science and Pollution Research, 25 Nov. 2021.
    2. “FDA - Small Businesses & Homemade Cosmetics: Fact Sheet.” FDA, 4 Feb. 2020.
    3. ISO 16128-1 Guidelines on Technical Definitions and Criteria for Natural & Organic Cosmetic Ingredients and Products. 17 Feb. 2014.
    4. International Organization for Standardization. “Certification.” ISO, 2015.
    5. Nikitakis, Joanne, et al. International Cosmetic Ingredient Dictionary and Handbook. Washington, D.C., Personal Care Products Council, 2015.
    6. Chemat, Farid, et al. “Green Extraction of Natural Products. Origins, Current Status, and Future Challenges.” TrAC Trends in Analytical Chemistry, vol. 118, Sept. 2019, pp. 248–263.
    7. Hansen, Sune Balle, et al. “Trends in Global Palm Oil Sustainability Research.” Journal of Cleaner Production, vol. 100, Aug. 2015, pp. 140–149.
    8. Opinion on Fragrance allergens in cosmetic products. Scientific Committee on Consumer Safety. June, 2012.
    9. Halla, Noureddine, et al. “Cosmetics Preservation: A Review on Present Strategies.” Molecules, vol. 23, no. 7, 28 June 2018, p. 1571.
    10. “Cosmética Natural Y Ecológica - Regulación Y Clasificación.” Ámbito Farmacéutico - Cosmética, 9 Oct. 2008, p. Vol 27 Nro 9.
    11. Draelos, Zoe Diana, and Lauren A. Thaman. Cosmetic Formulation of Skin Care Products. Cosmetic Science and Technology Series - Volume 30.
    12. Halla, Noureddine, et al. “Cosmetics Preservation: A Review on Present Strategies.” Molecules, vol. 23, no. 7, 28 June 2018, p. 1571.
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